A cultura do tomate é uma das mais importantes para o Brasil, sendo um dos setores mais rentáveis. De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), “a cultura gera por hectare/ano entre cinco e seis empregos diretos e o mesmo número de empregos indiretos”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de tomate está concentrada em três macro regiões. Sendo elas, o Estado de São Paulo, os Estados de Pernambuco e Bahia (Região do Vale do São Francisco) e os Estados de Minas Gerais (Triângulo Mineiro) e Goiás.
O Estado de Goiás representa 29,9% (3,8 milhões de toneladas) da produção brasileira do fruto. O sucesso da produção de tomate no estado de Goiás se dá devido à adaptabilidade dos materiais em relação ao clima associado aos tipos de solo, aos métodos de cultivo e as facilidades da mecanização, segundo a Embrapa.
Neste conteúdo vamos falar mais sobre a tomaticultura, como preparar o solo, seu ciclo, as principais pragas que ameaçam a cultura e mais. Então, continue lendo até o final para não perder nenhuma informação!
Cultura do tomate no Brasil
Foram os imigrantes italianos os responsáveis por trazer a cultura do tomate para o Brasil, por volta do século XIX. Nessa época, o tomate já era muito utilizado em diversas receitas na Europa, mas pouco conhecido em terras brasileiras.
Como a maior concentração de imigrantes italianos se encontrava no Estado de São Paulo, nesse período a região era a detentora das maiores plantações de hortaliças. Com o passar dos anos e a popularização do tomate, as regiões nordeste e centro-oeste também passaram a se destacar na produção.
Foi no início do século XX que as grandes produções, feitas em escalas industriais, começaram no Brasil. Atualmente, o Brasil é um dos países que mais produzem e consomem tomate em todo o mundo.
Preparando o solo
A produção de tomate é dividida em dois segmentos, sendo eles: o industrial, que tem como uma de suas características o crescimento determinado, e o para mesa (in natura), que tem o crescimento indeterminado.
Seja qual for o segmento escolhido, é preciso preparar muito bem o solo para que seja feita a plantação do tomate. Neste tópico vamos mostrar quais são os passos essenciais para que a preparação seja feita da forma correta.
O primeiro passo é analisar a área em que deseja plantar. Se a área conter muitas pedras, areia, apresentar facilidade em encharcamento ou for muito irregular, procure outro local para sua plantação. Essas condições não são propícias para a cultura do tomate.
A cultura do tomate precisa receber luz solar por algumas horas do dia, então certifique-se que o local tem uma boa luminosidade. O clima também é muito importante, para que o tomate se desenvolva bem, é preciso que durante o dia as temperaturas fiquem entre 21º C e 28º e entre 15º C e 20º C à noite.
Também é imprescindível eliminar todos os restos culturais do solo. Esse passo é essencial para que as chances da presença de algum patógeno ou doença que possa atingir a cultura do tomate seja reduzida.
Depois dessas etapas é que começa de verdade a preparação do solo. Normalmente, o primeiro passo nessa etapa é a subsolagem, que serve para descompactar o solo para receber as mudas.
Em seguida entra a correção do solo. Aqui, são analisadas análises do solo para garantir que os níveis de acidez estão dentro do ideal. Caso não estejam, isso pode comprometer os índices de calagem e fertilizantes.
Por último, faça buracos de 20 cm de profundidade no solo que irá receber as mudas de tomate. Essa profundidade é ideal para que as mudas não entrem em contato com os restos culturais do solo. Além de garantir que as mudas não sejam danificadas por ventos ou chuvas fortes.
Ciclo da cultura do tomate
Assim como diversas outras culturas, o tomate também passa por algumas fases até estarem prontos para a colheita. O ciclo da cultura do tomate passa por cinco etapas e dura em cerca de quatro meses.
Nos tópicos abaixo você confere quais são essas cinco fases.
Semeadura
O primeiro passo é a semeadura. No caso do tomateiro, é recomendado que a semeadura seja feita em bandejas num viveiro de mudas. Isso garante mais nutrição para a planta e evita que ela seja atingida por pragas e doenças.
Dessa forma, o número de mudas que não sobrevive ao transplantio para o solo da lavoura, é muito menor.
Crescimento vegetativo
Nessa fase começa o desenvolvimento foliar da hortaliça, onde surgem de seis a onze folhas na planta. Essa fase é de extrema importância para as plantas, visto que as folhas são essenciais para o suprimento de fotoassimilados para os drenos das plantas.
Florescimento
Na fase do florescimento, a planta desenvolve mais fotoassimilados e isso melhora o seu desenvolvimento reprodutivo. Automaticamente, o processo de floração da planta será mais rápido.
Frutificação e desenvolvimento
Essa fase tem em média duração de cinco a seis semanas e o desenvolvimento do fruto tende a ser mais lento nas duas primeiras semanas, acelerando o processo a partir da terceira. É também a partir da terceira semana que o tomate começa a atingir o peso para o amadurecimento.
Aqui, o clima tem muito impacto no andamento da fase. Para a frutificação é recomendado que a planta esteja em ambiente em que a temperatura fique em torno dos 21ºC.
Amadurecimento
A fase de amadurecimento dura, em média, 35 a 60 dias. O amadurecimento tem início quando o tomate começa a mudar de cor, indo do verde para o vermelho. É importante lembrar que mesmo após a colheita, o tomate continua a amadurecer, visto que ele é um fruto climatérico.
Pragas e doenças do tomate
Assim como em qualquer outra cultura, o tomate também pode ser atingido por doenças e pragas que impactam negativamente, seu desenvolvimento ou qualidade do fruto. No mundo todo, cerca de 200 doenças do tomate já foram relatadas.
No entanto, existem algumas que são mais comuns e por isso chamam mais atenção dos agricultores. Nos tópicos abaixo listamos quais são algumas dessas doenças. Confira.
Requeima
A Requeima é, sem dúvidas, a que mais causa preocupação para os produtores de tomate. Isso porque, dependendo da sua gravidade, ela é capaz de destruir completamente toda a lavoura em questão de dias! Principalmente em umidade elevada e temperaturas baixas.
Os sintomas dessa doença podem ser vistos em toda a planta. Contudo, tem início na metade superior, podendo causar morte do broto terminal. Com o tempo, nas folhas aparecem manchas escuras que ficam com aparência de “queimada”. Já no caule, as lesões são escuras, quase pretas e quebradiças.
Septoriose
A septoriose tem atingido mais as plantações de processamento industrial no país. Os sintomas são pequenas manchas redondas e claras, com pontuações negras no centro da lesão nas folhas.
Quando a doença está bastante desenvolvida, também pode lesionar o cálice, hastes e pedúnculo, mas não afeta o fruto.
Mofo-branco
O mofo-branco tem grande taxa de sobrevivência no solo, por isso, quando o controle não é feito de forma correta, essa doença compromete a safra do ano e também as safras dos anos seguintes.
O mofo-branco é uma doença causada por um fungo (Sclerotinia sclerotiorum ou S. minor) que causa tombamento de plântulas.
Broca-pequena-do-tomateiro
A broca-pequena-do-tomateiro é uma praga que vem preocupando os produtores, já que ela pode causar perdas de mais de 50% na produção.
Ela é causada por mariposas que depositam seus ovos no cálice dos frutos ou sob as sépalas das flores. Quando ocorre a eclosão, a lagarta que saiu do ovo penetra no fruto e passa todo seu desenvolvimento lá dentro.
A broca-pequena-do-tomateiro se alimenta da polpa do fruto, o que impede que a hortaliça seja comercializada.
Traça-do-tomateiro
A traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) também é uma das principais pragas da cultura do tomate. No Brasil ela teve seu primeiro aparecimento registrado em 1979, no Paraná. No entanto, só foi reconhecida oficialmente em 1980 em São Paulo. Após isso, se proliferam rapidamente por todo o Brasil.
Essa também é causada por mariposas. Nesse caso, a fêmea pode depositar de 55 a 130 ovos durante 3 a 7 dias. Os ovos são depositados nas folhas, hastes, flores e frutos, com maior concentração na parte superior das plantas.
Segundo a Embrapa, “após a eclosão, penetram imediatamente no parênquima foliar, nos frutos ou nos ápices das hastes”.
Como fazer o manejo das pragas e doenças da cultura do tomate
O manejo correto é essencial para que a cultura do tomate seja protegida das doenças e pragas. No caso da requeima, o recomendado é o controle químico, feito com fungicidas. No entanto, é preciso fazer a aplicação do fungicida no momento correto.
Esse momento depende muito do clima. O ideal é aplicar o insumo quando as condições climáticas ainda não estão favoráveis para a doença, antes de seu aparecimento. Podendo ser aplicado durante qualquer momento do ciclo do tomate.
Para o controle de septoriose também é recomendado fungicida. O controle é feito com a aplicação foliar de fungicidas de contato e sistêmicos. Os fungicidas de contato servem como uma barreira de proteção, antes da doença infectar a planta, já o sistêmico é usado quando os primeiros sintomas da doença aparecem.
O mofo-branco é mais difícil de controlar, como vimos. Por isso, também é recomendado o uso de fungicidas. Contudo, o fungicida deve ser combinado com algum outro meio de controle, como por exemplo, manejo da irrigação.
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